Novo Ford Fiesta ST de 200 cv em ensaio

A oitava geração do Ford Fiesta já tem a sua (imprescindível) versão desportiva, que volta a ostentar a sigla ST. A produção começa durante o Verão, mas "AQUELA MÁQUINA" já guiou este pequeno-grande desportivo, que chegará a Portugal lá para o final de Setembro com preços (estimados) de 28.000 € para a versão de três portas e 28.500 € para a de cinco.

DESIGN. A imagem segue o padrão da nova geração Fiesta e tem propostas para três e cinco portas. Gostamos da imagem mais dinâmica do três portas, mas compreendemos que, em muitos casos, as cinco podem dar jeito...

Os pára-choques são distintos e na traseira integram um difusor que até acaba por ser mais discreto do que a saída de escape. A asa superior está longe de ser tão imponente como as jantes exclusivas, que podem ir até às 18 polegadas (opcionais) com pneus Michelin Piloto Super Sport específicos.

HABITÁCULO. O interior dos Fiesta não é muito diferente, mas a imagem muda de acordo com o estilo de cada proposta e isso é bem evidente quando olhamos para o SUV Fiesta Active que está a chegar ao mercado nacional e para o ST. Por um lado, temos um habitáculo alegre e bem disposto, com muita cor, e por outro, uma imagem claramente desportiva.

Os bancos/baquets Recaro marcam o ambiente e afirmam o carácter. Oferecem todo o apoio que se pode esperar e contribuem para a boa posição de condução, mas os apoios ao nível das coxas limitam um pouco a acessibilidade e, sendo duros, acabam por ser agressivos ao fim de muitos quilómetros seguidos a andar depressa, algo que não acontece com bancos do mesmo tipo em modelos como o Hyundai i30N ou o Civic Type R.

Em Portugal só vai estar disponível a versão com mais equipamento. Ao nível do info-entretenimento, o ST tem um ecrã central de oito polegadas (neste caso de série) que serve de interface para o sistema de comunicação e entretenimento SYNC3, fácil de utilizar, mas também para o inovador sistema de som B&O PLAY com 675 Watts de potência, nove altifalantes e subwoofer.

CHASSIS. A Ford reivindica uma evolução de 14 por cento na rigidez estrutural face aos outros Fiesta. A direcção também foi revista para sublinhar o dinamismo de um desportivo que recebeu uma barra de torção condizente com o seu carácter.

Os amortecedores Tenneco com duas válvulas não são adaptativos, mas são inteligentes e respondem de forma eficaz às alterações do piso e ao modo de condução. As molas traseiras foram pensadas para maximizar a estabilidade direccional.

MOTOR. O EcoBoost de três cilindros com 1.5 litros de cilindrada garante 200 cv de potência e um binário de 290 Nm entre as 1.600 e as 4.000 rpm. Tem acoplada uma caixa manual de seis velocidades e pode contar com um diferencial viscoso opcional.

Os consumos podem não ser relevantes para o potencial cliente de um desportivo, mas as emissões de poluentes são uma dor de cabeça para os construtores e, para reduzi-las, o bloco pode adormecer um dos cilindros sempre que o ritmo de condução o permita. Com esta inovação é possível (diz a Ford) reduzir em 20 por cento o consumo e as emissões de CO2 face ao anterior ST.

O Fiesta ST propõe três modos de condução: "Normal", "Sport" e "Track" que se distinguem com a maior ou menor rouquidão do motor. Ninguém diria que é um três cilindros. O ruído é "fabricado" e ampliado electronicamente. Mas para além do som também se torna evidente a alteração do comportamento com mais ou menos liberdade concedida pelo controlo de estabilidade.

AO VOLANTE. Face ao modelo anterior é fácil concluir que o novo ST é menos agressivo e mais eficaz em termos dinâmicos. O mesmo é dizer que é menos "saltitão" no mau piso e tem uma melhor estabilidade direccional.

A agilidade é um dos grandes trunfos desta proposta e isso começa com uma direcção rápida e sensível, sem ser exageradamente "pesada". O chassis é muito eficaz e isso é notório na estabilidade direccional de curvas rápidas abordadas com toda a determinação.

É fácil conseguir um ligeiro escorregamento do eixo traseiro na abordagem às curvas, o que ajuda a colocar o Fiesta ST na melhor posição para uma saída em força, tanto mais que a caixa de velocidades é rápida e está bem escalonada.

Mesmo com acelerações bruscas à saída dos muitos ganchos por onde passámos, não há perdas de tracção. Não sabemos se será assim com todos os modelos, porque guiámos um ST com o "Pack Performance" opcional.

Este "Pack" (preço ainda não disponível) incluiu o diferencial LSD, o "Launch Control" para grandes arranques e o "Performance shift lights" que, tal como nos carros de competição, indica o momento ideal para trocar de velocidade. Ele está no painel de instrumentos, mas é pouco visível.

O motor tem um desempenho brilhante. Quem não souber nunca irá imaginar que na sua frente está um bloco de três cilindros. O ruído pode ser mentiroso, mas as performances não enganam. A resposta do acelerador, mesmo a baixo regime e a pujança das acelerações nos regimes mais elevados mostram a tremenda evolução que este tipo de arquitectura tem conhecido nos últimos tempos. Depois temos travões potentes e eficazes, mas em troços por onde passa o Rali de Monte Carlo, não há travões que não acusem alguma fadiga com o aquecimento...

Tudo isto faz do Fiesta ST um brinquedo muito engraçado, um desportivo capaz de ir ao encontro de todos os que vibram com a condução de um desportivo.

FICHA TÉCNICA

Motor : 1.5 EcoBoost

Cilindrada: 1.497 cc

Potência máxima: 200 cv/6.000 rpm

Binário máximo: 290 Nm/1.600-4.000 rpm

Velocidade máxima: 232 km/h

0 a 100 km/h: 6,5 s

Consumo médio: 6,0 litros/100 km

Emissões de CO2: 136 g/km

Preço (estimado): 28.000 € na versão de três portas e 28.500 € na de cinco portas.

+ CARÁCTER. É um modelo à medida do prazer da condução. Tem um excelente chassis e o comportamento dinâmico mercê aplausos.

- BANCOS. As baquets Recaro oferecem um excelente apoio e garantem uma boa posição de condução. Mas o apoio ao nível das coxas condiciona a acessibilidade e é agressivo em longas viagens.

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